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Notícias (Antigas)

18/08/2017

Estatuto da Metrópole e Fracking mantém aceso o interesse de todos por cidades mais justas e com melhor qualidade de vida para todos

Depois de uma agenda carregada de trabalho, o segundo dia da 6ª Conferência Estadual das Cidades foi encerrado às 23 horas, após a apresentação de dois Seminários: sobre o Estatuto da Metrópole e sobre Fracking, este um tema ainda pouco conhecido, mas que pode dizimar vidas e o próprio Planeta. “O objetivo maior, sem dúvida, é a conscientização dos riscos da liberação do Fracking, a consolidação da Lei Estadual que já proíbe por 10 anos a exploração do gás de xisto, por meio do faturamento hidráulico, o fracking, e, ainda, a consolidação do Estatuto da Metrópole do Paraná, em todas as Regiões, para o fortalecimento de cidades inclusivas, com função social, participativas, justas, inteligentes que possam ser a moradia de pessoas, com melhor qualidade de vida, livres e felizes em qualquer posição, idade, sexo ou situação dentro desta urbe. Para esta e as futuras gerações”, defende o secretário do Desenvolvimento Urbano do Paraná (SEDU), Carlos Massa Ratinho Junior.

Sobre os Seminários:

ESTATUTO DA METRÓPOLE - Fizeram parte da mesa de trabalhos o diretor de operações do Serviço Social Autônomo (Paranacidade), e coordenador do Grupo Técnico para o Estatuto da Metrópole pela SEDU e Paranacidade, o engenheiro agrônomo Alvaro Cabrini Junior; o coordenador do Centro de Apoio às Promotorias do Meio Ambiente, de Habitação e Urbanismo, o procurador Alberto Vellozo Machado; o presidente da Comissão de Assuntos Metropolitanos da Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado estadual Alexandre Guimarães; o arquiteto e urbanista da SEDU, Clóvis Ultramari; o coordenador executivo desta Conferência, Antônio Weinhardt Junior; do segmento de profissionais, Academia e Pesquisas, a coordenadora Andrea Braga; e representante da ONG Apofilar, Ailton Lima. 

O primeiro a falar foi Alvaro Cabrini Junior. Ele defendeu a mudança na lógica de planejar as cidades. Para ele, é um tempo curto de quatro em quatro anos e deve ser por um período de, ao menos, 30 anos. Ele entende que é preciso, também, pensar o Estado em 100% de suas Regiões e municípios e não fragmentados. Citou as funções públicas importantes como o uso e ocupação do solo; mobilidade urbana e meio ambiente, com serviços de drenagem, abastecimento de água, saneamento básico e destinação adequada de resíduos sólidos. “É necessário um planejamento integrado. E, mais do que isto, tem de mudar a moral e a ética neste País, há que se ter princípios e as prefeituras devem ter profissionais competentes para realizar os serviços públicos pelo bem comum. Temos de deixar de lado as veleidades e pensar no bem coletivo”, enfatizou. 

Cabrini falou sobre a urgência em extinguir quatro das oito Regiões Metropolitanas do Paraná. Algumas dessas Regiões Metropolitanas foram criadas visando interesses políticos e econômicos, e não o bem do cidadão e da cidadã. “Vamos ficar apenas com as RMs de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. As outras quatro não são metropolitanas e devem ser extintas. Mas, estamos estudando outras soluções. Gestores públicos e população devem enxergar de maneira ampla e bem responsável, pelo interesse comum. Vamos dar um passo para trás para podermos avançar em seguida. Vamos acabar com o servilismo político. Levando em conta essas questões, vamos juntos construir uma sociedade melhor”, enfatizou. 

MINISTÉRIO PÚBLICO - O representante do Ministério Público disse que estava ali para clarear a memória das pessoas. Algumas esquecem que as pessoas se alternam em funções públicas e há leis para serem respeitadas. “E não digam que eu não avisei”, adiantou. Para o procurador Alberto Vellozo Machado a cidade real não se atém aos seus limites. “A cidade real são as pessoas e os seus interesses comuns e as manchas metropolitanas são amalgamadas pelas demandas de interesses comuns, dos diferentes municípios. Devem, ainda, levar em conta não só os ganhos econômicos, mas cumprir a legislação, atender a critérios mínimos de legalidade, o que a Constituição Federal chama de interesse comum, deixar de lado as rixas que separam as sociedades e as impedem de crescerem juntas”, destacou. 

O procurador disse que não ia se pautar pelo conceito de menos ruim. Ao contrário. Lembrou que democracia é tensão, embate e também o momento de fazer o melhor para todos. “A cidade real tem o interesse comum como a chave de leitura para o seu enquadramento jurídico”, realçou. 

Já o deputado estadual Alexandre Guimarães testemunhou que as cidades mais competem entre si do que compartilham e dividem. Apesar disso, as cidades têm dificuldades em resolver os seus próprios problemas. “Imagine, resolver os dos outros municípios. Daí a importância deste Seminário, desta Conferência Estadual. Que este trabalho conjunto nos ofereça a oportunidade de encontrar as melhores soluções para todos nós”, enfatizou.

Professor do Programa de Pós-graduação em Gestão Urbana da PUC/PR, e do programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, o arquiteto e urbanista Clovis Ultramari abriu a sua fala com uma pergunta: “como você vê o momento em que vivemos?”. E para surpresa de todos os presentes, ele mesmo deu a resposta. “Na década de 70, o Paraná se metropolizou. E, de 70 para cá, eu diria que o mundo nunca esteve tão bem”, provocou. Ultramari se referia às conquistas de certos indicadores. E citou os índices obtidos nas áreas de saúde, saneamento básico, educação, mobilidade urbana e outros. Para ele, é preciso resolver agora questões locais, com solidariedade aos vizinhos, buscando outras soluções que possam resolver problemas que afetam a todos. 

Todos os palestrantes demonstraram que há um novo e responsável contexto, onde técnicos e especialistas da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano desenvolvem esforços conjuntos, em parcerias interinstitucionais, com análises, estudos e debates para a construção de uma nova Política de Desenvolvimento Urbano e Regional para o Paraná. E, após as palestras, foi aberto espaço aos presentes para fazerem perguntas. Mesmo já sendo bem tarde, ao ponto de Ultramari dizer que em toda a sua vida profissional não se lembrar de iniciar uma palestra às 22 horas, algumas pessoas fizeram perguntas relacionadas aos temas abordados.

FRACKINGNo Seminário sobre Fracking, participantes da 6ª Conferência Estadual das Cidades aprenderam e discutiram sobre a Lei Estadual nº 18.947/2016, que proíbe, por 10 anos em solo paranaense, a concessão de alvará ou de licença para utilização e pesquisa do solo com a finalidade de exploração do gás de xisto pelo método do Fracking - fraturamento hidráulico. Para que esta proibição seja ampliada por mais anos, ainda faltam 104 municípios paranaenses aderirem à este Projeto de Lei. Portanto, o Seminário visou a conscientização dos gestores públicos destes municípios para que lutem por esta causa.

Para o fundador da Coalizão Não-Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS) e um dos palestrantes da noite, o engenheiro Juliano Bueno de Araújo, a aprovação da Lei representou um avanço significativo. “O Paraná é o primeiro, entre os 15 estados atingidos, a criar uma legislação estadual contra o Fracking. Queremos que a proibição valha não apenas para 10 anos, mas para o resto de nossas vidas, pois queremos estar livres de doenças que são causadas por esta prática", afirma.

Juliano Araújo, finalizou a sua palestra com uma pergunta: “se você pudesse escolher entre não ter câncer por 10 anos, depois ter e morrer, ou nunca ter câncer na sua vida, qual opção escolheria?”.

Também fez palestra o coordenador do projeto Rede Guarani - Serra Geral, no Estado de Santa Catarina, o geólogo e professor Luiz Fernando Scheibe. Ele explicou, de maneira técnica, as formas de contaminação e a sua preocupação com o enorme volume de água necessário para esta exploração. 

“São precisos, aproximadamente, 15 milhões de litros por poço. E 40% deste volume retorna à superfície, poluído por gases, compostos e metais presentes na rocha e nos aditivos químicos utilizados, exigindo técnicas de purificação e descarte dispendiosas. Outro fator preocupante é que a reinjeção desta água na rocha que pode causar terremotos”, disse.

O objetivo do seu projeto é de gerar conhecimentos técnicos e científicos para a proteção e o uso sustentável das águas no sistema aquífero integrado Guarani-Serra Geral, no Sul do Brasil.

Em seguida, foi a vez da coordenadora nacional da Coalizão Não-Fracking Brasil - Fracking no Mundo, Estudos e Riscos e diretora da ONG 350.org na América Latina, Nicole Oliveira. Ela demonstrou todos os riscos para a saúde pública que a contaminação da água causa. “Eu peço para que todos os gestores, prefeitos dos municípios, guardem bem essas informações no momento de tomar uma decisão sobre o Fracking. Este método oferece 30% mais riscos de morte de recém-nascidos, entre 0-28 dias de vida. Além disso, se nós praticarmos o Fracking no Brasil, aumentaremos ainda mais a emissão de gases do efeito estufa e passaremos de 5º, para 3º País mais poluente do mundo”, adiantou.

Ao fim deste Seminário – que aconteceu no salão ao lado do Seminário do Estatuto da Metrópole -, foi também aberto espaço para perguntas e considerações finais. O coordenador dos trabalhos do Seminário foi o representante do Poder Público Executivo Municipal de Toledo e conselheiro do ConCidades/PR, professor Neuroci Antonio Frizzo. 


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