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Notícias (Antigas)

16/04/2016

Jaime Lerner foi o ponto alto no Curso de Pós-Graduação Franco-Brasileiro em Sustentabilidade do Território Urbano Paranaense

A primeira semana do quarto módulo do "Curso de Pós-Graduação Franco-Brasileiro em Sustentabilidade do Território Urbano Paranaense" chegou ao fim na tarde desta sexta-feira, 15, no auditório da Secretaria do Desenvolvimento (SEDU). Desta vez, o Ateliê-projeto teve como tema "Mobilidade e Imobilidade Urbana", ministrado pelo professor Hipolito Martell-Flores da Université de Technologie de Compiègne (UTC), na França. Na semana, houve palestras com diversos especialistas. O ponto alto foi a conversa informal com o ex-governador, arquiteto Jaime Lerner.

Neste módulo, que começou na segunda-feira, 11, o objeto de estudo foi a mobilidade urbana do município de Fazenda Rio Grande. "Ficou evidente que existe uma dinâmica muito forte que vem do movimento pendular entre os municípios de Fazenda Rio Grande e Curitiba, por causa do binômio emprego e estudo", afirmou o economista Gustavo Mattana, participante do curso.

O resultado do diagnóstico, elaborado pelos participantes, gerou uma proposta de encomenda que reverterá em um projeto a ser desenvolvido na segunda semana deste módulo. O objeto de estudo para a próxima semana é: "planejamento da mobilidade de Fazenda Rio Grande a curto, médio e longo prazo, visando a valorização urbana, a melhoria da qualidade de vida e a integração funcional do município no território paranaense - a mobilidade como agente indutor de um novo estilo de vida e de desenvolvimento econômico local", explicou Mattana.

Durante a semana, o curso foi enriquecido pelas apresentações do diretor presidente do Grupo Leblon, Haroldo Isaac, sobre o "Transporte Coletivo Urbano do Município de Fazenda Rio Grande e a interligação com a capital"; dos representantes da Secretaria Municipal de Urbanismo do Município de Fazenda Rio Grande, Fabiano Assumpção e Hideki Yanagita, formalizando a encomenda dos trabalhos ao grupo de estudo; do especialista no Sistema de Transporte Coletivo Urbano da Região Metropolitana de Curitiba, em nome da COMEC, Euclides Rovani; e da professora da Área de Transportes Urbanos da PUC/PR, Fabiana Osten, sobre a acadêmica da "Mobilidade e Imobilidade Urbana".

Para a engenheira civil, Larissa Cavalcante Linzmayer, os investimentos a curto prazo estão ligados ao alargamento das ruas e melhoria nas calçadas e acessibilidade para facilitar a vida dos pedestres e ciclistas, dando-se maior preferência ao transporte público do que ao automóvel particular. Além disso, de acordo com as apresentações de Haroldo e dos representantes da Secretaria Municipal de Urbanismo, o ideal seria usar mecanismos para facilitar a circulação dos ônibus, instalando-se radares eletrônicos e investindo-se no terminal central, tanto no acesso ao pedestre, quanto tempo de embarque e desembarque.

O professor Martell-Flores afirma que os principais problemas são o fato de haver falta de emprego local e o fato da cidade ser dividida em duas partes pela BR. "A falta de serviços básicos, que tragam satisfação para os seus habitantes, é um problema muito grande. O nosso diagnóstico teria sido muito menos realista, se não tivéssemos ido a campo, visitar o local e sem as apresentações."

Com o diagnóstico e a problemática em mãos, os participantes desenvolverão projetos individualmente, ou em grupo, e apresentarão na segunda semana deste módulo, que acontecerá entre os dias 09 e 13 de maio.

JAIME LERNER, UMA GRIFFE - Os participantes tiveram, no meio da semana, uma conversa informal com o ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná, Jaime Lerner, no Instituto Jaime Lerner, no bairro do Juvevê, em Curitiba. Em absoluto silêncio, os profissionais participantes da Pós-Graduação Brasil/França ouviram Jaime Lerner discorrer sobre cidades, mobilidade urbana, metrô, BRT (TRansporte Rápido por Ônibus), VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), sobre o carro do futuro.

Lerner salientou que o problema da mobilidade, é devido à concepção da cidade. Uma cidade que necessita de tantos meios de transporte, é porque tem problemas. "A Fazenda Rio Grande pode ser o centro do mundo. É difícil, mas é uma possibilidade. É necessário olhar pra frente, construir visão de futuro, identidade", diz.

No meio da conversa citou o "querido amigo, o arquiteto Rafael Dely", citou a sabedoria da já falecida Fani Lerner, sua mulher e companheira de toda uma vida, e discorreu sobre a importância do ser humano, sobre a beleza da imperfeição, debate ideológico, burocracia e, também dos aspectos perversos como o da "venda de um metrô, para Curitiba". Tudo com criatividade e bom humor. "Tentaram nos vender Angeline Jolie e nos empurraram uma Graça Foster", disse, arrancando risos da platéia.

Já sobre a beleza da imperfeição, ele lembrou Marcelo Gleiser, físico, professor e escritor brasileiro que retomou a filosofia oriental em suas palestras. Lerner falou sobre as "nossas" falhas. "Os orientais, ao invés de se envergonharem das 'feridas' expostas, eles as embelezam para que sejam uma celebração constante da vida cotidiana. Dos pequenos e grandes erros que cometemos e da possibilidade que temos de aprender com isso e deixar um legado".

Para Lerner, inovar é ter a coragem de recomeçar. "Coisa que a burocracia tira qualquer chance". Ao falar sobre transporte, destacou que o homem deve morar bem perto do trabalho para facilitar a vida e ganhar mais tempo na vida. "Mas eu vejo transporte com pista exclusiva, embarque imediato e passando a cada minuto, para evitar filas. Já, o carro urbano brasileiro deve ser pequeno, elétrico e, se possível, de papel. Não custar mais do que R$ 11 mil a unidade. E para Curitiba adotar a melhor medida, basta trabalhar com o imaginário, porque toda a cidade tem de ter um sonho e o que move as pessoas são seus sonhos", ensina.

"Foi uma verdadeira aula de vida, absorvida com imenso prazer. Jaime Lerner é griffe", disse um dos participantes. E, ao ouvir que o seu nome é repetido no exterior nos mais diversos sotaques, ele brincou: 'É! Jaime Lerner é um vírus que eu espalho por aí".

O curso é promovido pelo Serviço Social Autônomo – Paranacidade -, ligado à Secretaria do Desenvolvimento Urbano (SEDU), em parceria com a Universidade Livre do Meio Ambiente – UNILIVRE -, com a Universidade de Tecnologia de Compiège – UTC e a L’Alliance -, formada pelas Escolas de Engenharia, Administração e Arquitetura de Nantes – França -, mais Fomento Paraná, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Caixa Econômica Federal. Começou em outubro de 2015 e prossegue neste ano.
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